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Friday, August 28, 2009

“Depois dos 50, a gente pode t-u-d-o.”

A frase não é minha, justifica. “É de uma amiga que após superar a depressão da morte do marido, está convencida de que depois dos 50 t-u-d-o é permitido”.
Já, a minha entrevistada não é tão liberada assim. Simpatiza com a idéia, mas defende que há limites, não se permitiria fazer esse t-u-d-o enfatizado pela amiga se implicasse em magoar alguém. “Não se pode ser tão radical assim”. Dentro do contexto da nossa conversa, prossegui no assunto e, mesmo sabendo a resposta, perguntei se ela era muito paquerada. “Claro, muito e até por uns moços lá no clube”, conta de forma despachada, rindo um pouco da própria graça e do desinteresse pelo fato. Remenda-se e justifica-se de que faz bem para o ego, mas sem muita convicção do que diz.. Faz uso da frase clichê para não revelar seu mais puro descaso. Estar casada há cerca de 30 anos e ser avó não tem qualquer relação de causa x efeito. Ela está de bem consigo própria. Sua ótima forma e sorriso sempre presente não deixam dúvidas. Por isso, se eu fosse um desses moços do clube, também não deixaria de notá-la.
A mulher envelhece melhor que o homem, discursa. Ainda que sua teoria não seja comprovada cientificamente, para ela os homens tornam-se dependentes com o passar da idade, não fazem nada sem solicitar um favor. Já a mulher sabe viver sozinha, não enche o saco, é menos ansiosa e por isso mais interessante, inclusive para os homens mais novos. “Menopausa é ótimo!” Homem velho é um horror! Fica ranzinza e logo casa para ter alguém. A mulher, mais livre, e claro romântica, namora. Mas há mulheres e mulheres. As da minha geração, dividem-se por aquelas que trabalham e as que não trabalham. As da época da minha mãe só se dedicavam aos maridos. Eu como sempre trabalhei, tenho o meu dinheiro que, por sinal, é muito importante nessa fase da vida, faz toda a diferença”.
O adjetivo Exuberante qualifica-se melhor como substantivo, no seu caso. A palavra traduz seu estado de espírito. Na atual fase, sente-se livre, liberta. Quer curtir a vida, estar em harmonia com corpo e mente. Por isso, não há espaço para depressão, o que a diferencia de muitas das suas amigas, lamenta ela. “Sou prática. Depressão, pra quê? Não entendo... não tenho tempo para isso.”.
Com relação a passagem do tempo, “levo numa boa...A gente envelhece, não tem como mudar essa situação terrível, então que seja da melhor forma possível.
Descomplicada, especialmente depois que abandonou o despertador da sua vida, encontra-se disponível todos os dias para jogar tênis, estar na companhia dos amigos nos fins de semana em Monte Verde ao redor dos prazeres da boa mesa, fazer trilhas de moto, caminhar com Scott e Baileys, seus cães, fazer qualquer viagem e, de preferência, para a praia, “nasci em Santos, a-d-o-ro praia.
Um dos seus sonhos, aliás, é convencer o marido a vender a pousada que possuem e viajar pelo mundo. A compra da pousada em Monte Verde também já foi um sonho, mas depois de oito anos tendo que se dirigir aos Alpes brasileiros, somado aos mais de vinte anos que já freqüenta o lugar, ela cansou. Ultimamente permanece o menor tempo possível em Monte Verde, adora a agitação de São Paulo e seus cinemas. Sua casa, onde diz que só come e dorme, está localizada no meio do caminho entre o clube e a casa do seu primeiro neto, João, de um ano. Tendo as manhãs livres, as tardes reservadas para a prática diária de esportes, a vida social do clube Pinheiros, só lhe cabe dedicar o tempo que sobra aos cuidados com o neto e assim realizar-se com o que chama de seu “spa semanal”. E merecido, ressalta, já que trabalhou árdua e duramente por quinze anos na área de informática, tendo a própria empresa e depois a empresa de paisagismo, dando conta dos seus três filhos: Fernanda, 35, que herdou seu “bonvivanismo”, Dudu, 33, a quem delegou sua faceta empreendedora e Juliana, 30,receptora do seu gene para esportes. Por ela, não faria mais nada. “Envelhecer não é problema!"

Thursday, August 06, 2009

O que é ser atriz

Outro dia, enquanto caminhava pela rua, me perdi dos meus pensamentos. Numa ruptura disso, me dei conta que subia a Augusta a pé, e não mais que de repente preguei olho no olho. Na hora pensei :Olha, aquela atriz! E outra nuvem de pensamentos me passaram.
Lembrei de uns programas de tv e do rosto dela mais novo, que acabara de me despertar tão gostosas sensações. Me senti tão próxima dela, mas não conseguia lembrar o que ela fazia que eu gostava tanto. Era muito familiar, mas não havia nenhuma vaga lembrança. Só a impressão de que ela era próxima, muito próxima.
Lembrei de músicas bregas, de umas danças que eu fazia com a minhas primas em frente ao espelho, isso já era anos 80, salvo engano. Foi um turbilhão de emoções no túnel do meu tempo, só meu, e o rosto daquela moça, beirando seu quarenta e poucos, perguntando a mim mesma: Como ela se chama? Quem é mesmo essa atriz? Minutos depois: Puta merda, quem é essa atriz? Será que foi ela que fez aquela novela com aquele cara...? Meus Deus! quanto tempo queimei meus neurônios com essa dúvida atroz. Mas, ela ficou lá. E, pensei comigo: O que será que ela fez esse tempo todo? Desistiu da profissão, casou, é mãe solteira? Queria tanto saber... Logo em seguida, me apeguei as lembranças todas que ela me proporciou. Lembrei de tanta coisa que tava esquecida que não me ocorria mais pensar nela, só nas minhas recordações de infância. Nossa! Quanta coisa aconteceu..., mal falo com as minhas primas direito hoje!
Outro dia, estou numa loja e quem entra? POis é... não é o acaso, não. Era o destino. Assim como eu, ela estava comprando um presente para alguém. E aquela voz era tão familiar.. Já, já você lembra quem é... fica tranquila! Ela estava bem melhor do que da outra vez, parecia até mais moça, mas sem sombra de dúvidas era ela!
Quase me aproximo involuntariamente para comentar alguma coisa. Esqueci o que queria ver na loja e fiquei com as antenas ligadíssimas no papo alheio, o que eu adoooro. Agora descobro quem ela é.
- "A senhora quer ver alguma coisa?" me pergunta a vendedora. Desculpa, mas posso te perguntar uma coisa, de verdade... essa moça não é aquela atriz...?
Não, gata, não faça isso consigo mesma. Não vai dar uma dessas, que brega! Não fala nada, pelo amor de Deus.
Mas, sabe o quê que é? me dirigindo a própria atriz, quase que minha amiga...Eu te vi outro dia e fiquei com essa pergunta na cabeça.. como é mesmo...?
Não! isso é pior que tudo. Você nem é fã dela... desse jeito, vai acabar com o dia da pobre atriz e, ainda por cima, ouvir uma resposta bem esnobe, era o que eu faria se alguém não me reconhecesse depois de reavivar tantas lembranças boas na sua vida, de te reportar ao tempo em que dançava em frente ao espelho com suas primas....
- Panatanal!
Alguém falou essa palavrinha mágica. Estava no provador e pensei: Nossa, nunca fui ao Pantanal e nem pretendo...
Pantanal? A novela, sua burra!
Juro, juro por tudo que não vi esse monstro sagrado que mudou os paradigmas da teledramaturgia brasileira. Não é incrível que a tal atriz tenha sido protagonista da novela Pantanal, fez par romântico com Marcos Palmeira e eu nunca vi nada disso???
Toda a atriz tem isso...te passa emoção, te transporta para lugares tão conhecidos mesmos sem você ter nunca vivenciado aquela experiência. Pantanal existe dentro de mim, minha gente! Nào, não é nada disso, no meu caso, toda atriz desperta sua feminilidade, seu sex appel, te colcoa no seu verdadeiro papel de mulher. Toda atriz exerce essa função, quer queira ou não, um dia vc vai reconhecer muita coisa vivida ao ver alguém que viveu uma história sem ser sua, mas por você. E, por fim, toda atriz e a história que ela representa te faz viajar no tempo, te faz reviver momentos.
Coadjuvante diz: -Querida, adorei o Pantanal, não perdi nenhum capítulo, nem na reprise.
(perde-se em pensamentos) e prossegue: Seu papel mudou tanta coisa na minha vida....

Coadjuvante dirige-se para a Personagem Central e afirma seguramente: Vou ligar para as minhas primas a-go-ra!